quarta-feira, 28 de março de 2012

Contagem decrescente: Heróis homossexuais em calções


Embora a Carta Olímpica do Comité Olímpico Internacional declare “agir contra qualquer forma de descriminação que afecte o Movimento Olímpico” e “encorajar o apoio e desenvolvimento do desporto para todos”, é um facto que gays e lésbicas estão pouco representados a este nível. Acredita-se que nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008 apenas 0,1 por cento dos atletas eram homossexuais assumidos.
Para o Comité Organizador dos Jogos Olímpicos Londres 2012 (LOCOG), a diversidade e inclusão são aspectos chave. Embora o comité possa demonstrar que recrutou uma força de trabalho diversa e que atraiu um batalhão de voluntários variado (com gays e lésbicas fortemente representados), há uma área em que o LOCOG pouco pode fazer e é influenciar a diversidade dos atletas de competição.
Stephen Frost, um dos responsáveis do LOCOG, com experiência gay-friendly, já que previamente foi membro sénior da Stonewall, uma organização britânica que defende os direitos das pessoas gays, lésbicas e bissexuais declarou: “Isso é um assunto para a Comissão Olímpica Internacional, mas o ambiente que estamos a criar em Londres 2012 é de apoio e inclusão. Os atletas irão ver as nossas iniciativas de diversidade e podem sentir-se à vontade e serem eles próprios.”
Os jogos aquáticos são dos poucos desportos a nível olímpico que já têm uma certa tradição de celebrar campeões abertamente homossexuais, desde o norte-americano Greg Louganis, Daniel Kowalski da Austrália a Matthew Mitcham, o mergulhador australiano e actual campeão olímpico em saltos ornamentais.
David Sparkes, chefe executivo da Associação Amadora de Natação do Reino Unido confirmou que as associações dos desportos aquáticos “estão numa jornada para abordar os temas da igualdade e diversidade na natação. Estivemos a trabalhar seriamente neste assunto desde 2002 e recentemente o nosso programa de desenvolvimento tem como objectivo abordar a sub-representação no desporto em geral e em particular na natação, clubes, treinos, oficiais e voluntários.”
Esta combinação de apoio do governo, programas de treino e desenvolvimento a todos os níveis de desporto aliado a fortes modelos a nível da elite desportiva são razões para encorajar os mais jovens a envolverem-se no desporto.
A própria natureza dos desportos aquáticos, e em particular a natação ou mergulho, representa um desporto ‘seguro’ para jovens gays e lésbicas, pois requer concentração individual e não há a necessidade de partilhar muita informação pessoal com os colegas de equipa numa altura da vida em que os jovens ainda estão a tentar descobrir quem são. Poderão num futuro próximo os heróis olímpicos gays e lésbicas sair do armário em fato de banho? A resposta pode estar nos próximos Jogos Olímpicos de Londres que se realizam de 27 de Julho a 12 de Agosto de 2012. Se não temos a versão gay europeia da competição que terá lugar em Budapeste de 27 de Junho a 1 de Julho, os EuroGames.

Lúcia Vieira

Fonte @dezanove

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