Ter sua condição sorológica em sigilo é um direito garantido às pessoas que vivem com o vírus HIV, ou seja, ninguém pode obrigá-las a contar isso. Cabe a elas decidirem se irão contar ou não.
Quando iniciamos um relacionamento, sempre pensamos no tempo que esta relação poderá durar. Ao longo do tempo, temos a oportunidade de conhecer mais a fundo o novo parceiro, descobrindo seus defeitos e qualidades. Somente assim, saberemos se esta nova relação tem chances de ser duradoura ou não.
Graças à evolução da ciência, hoje, a vida de uma pessoa soropositiva é completamente normal. O uso correto da medicação e do preservativo em todas as relações sexuais é crucial para levar uma vida sem maiores problemas, possibilitando ao portador manter uma vida sexual normal, sendo seu parceiro soropositivo ou não.
Entretanto, o estigma e o preconceito existente em torno do HIV, consequências da falta de informação, ainda estão muito presentes em nossa sociedade e são estes fatores que levam o portador a acreditar que teve sua vida pessoal, profissional e, principalmente, sua vida sexual condenada.
O medo de ser rejeitado faz com que grande parte dos soropositivos enfrente um verdadeiro dilema: contar ou não ao parceiro sobre sua condição sorológica? A resposta para esta pergunta é singular, ou seja, cada caso é um caso. O mais importante é analisar sua situação e pensar bastante antes de tomar qualquer decisão. Porém, algumas dicas podem ajudá-los a chegar a uma conclusão.
Conhecer a fundo seu parceiro ajuda muito na hora de tomar esta decisão. Quanto mais informado ele for, melhor será. A informação é a principal arma contra o pré-conceito, ou seja, se você se relaciona com uma pessoa que tem o hábito de se informar e procura se atualizar, maiores são as chances desta pessoa aceitar sua condição.
Informar o seu parceiro sobre sua sorologia no início do relacionamento pode não ser uma boa ideia. O mesmo pode não aceitar e por um ponto final no relacionamento. Como você não o conhece suficientemente para saber se ele é uma pessoa confiável ou não, você poderá ser alvo de críticas e fofocas.
Por outro lado, existem aqueles que acreditam que, se você demorar muito a contar, seu parceiro poderá ficar chateado, acreditando que você não confia nele para contar um assunto tão íntimo. Porém, tudo é questão de diálogo. Você pode explicar seus sentimentos demonstrando seu medo em relação à aceitação. Evidencie sua preocupação fazendo o possível para impedir a transmissão da doença. Deixe claro que o uso da camisinha sempre foi um hábito e você jamais permitiria uma relação sem o uso da mesma.
Mas você há de convir que dar esta notícia não é uma tarefa fácil. Imagine recebê-la! Por mais informado que seu parceiro seja, é natural que ele fique sem jeito ao receber essa notícia. Cabe a você mostrar que uma relação soro discordante pode ser segura, se as medidas de proteção forem levadas a sério. Ter HIV não quer dizer que você tenha AIDS. Explique sobre seus exames, controle médico e medicamentos. Contar sobre seu estado clínico também é muito válido neste caso.
Infectar alguém intencionalmente, além de desumano, é crime e dá cadeia! Então, se por ventura o preservativo furar e seu parceiro ainda não tiver conhecimento sobre sua sorologia, acredito que o mais inteligente a se fazer seja contar sobre a sua situação e acompanhá-lo até uma unidade de saúde e solicitar a profilaxia pós-exposição que está disponível na rede pública de saúde e é indicada nos casos que há o rompimento do preservativo e um dos parceiros é sabidamente positivo. Assim, ficará claro que você zelou pela saúde de seu parceiro e não terá que se preocupar ou sentir-se culpado, caso ele seja infectado.
Com responsabilidade e alguns cuidados, você pode optar a não contar e estará em seu direito. Mas vale lembrar que, quando estamos em uma relação séria onde há amor e carinho, é normal querer dividir com o parceiro coisas íntimas, então uma hora você terá de contar, pois não dá para viver com alguém escondendo este fato por muito tempo, não é mesmo?
De certa forma, a infecção por HIV, está ligada à vida sexual. Quando uma pessoa conta para outra que está infectada, ela está abrindo sua intimidade e isso gera curiosidades. A pessoa irá querer saber detalhes de como aconteceu à transmissão do vírus, o que acaba sendo uma invasão na privacidade do soropositivo. Por isso, é necessário que o portador sinta-se preparado para falar sobre este assunto. E, quando o fizer, faça sem medo de ser julgado. Seja sincero e passe o máximo de confiança. Procure sempre viver uma relação sadia, respeitando seu parceiro e zelando pela saúde de ambos.
Fonte @soropositivo